Análise do defeso
sexta-feira, 29 de junho de 2007
É já na próxima 2a feira que a Briosa retoma os trabalhos, iniciando assim a 2a pré-temporada sob as ordens do técnico Manuel Machado, no sentido de preparar uma época que tem tudo para ser bem melhor que a que passou. Qual o balanço que podemos fazer deste defeso, no que concerne à Associação Académica de Coimbra?
Dou a minha opinião, claro está, num momento em que ainda é difícil fazer qualquer tipo de análise rigorosa, mas parece-me intelectualmente mais honesto fazê-lo agora, do que propriamente a posteriori, quando for fácil criticar ou aplaudir em face dos resultados obtidos. Por isso, afirmo com convicção que me parece que esta terá sido das pré-épocas mais bem conseguidas dos últimos anos. Passo a explicar porquê.
Desde logo, porque se nota que houve critério nas contratações, quer ao nível da planificação e do timing, como da escolha dos jogadores. É evidente uma inversão na política desportiva da Académica, claramente para melhor, privilegiando-se agora o mercado nacional, quer em jogadores portugueses oriundos de escalões secundários, quer em jogadores com provas dadas no futebol português.
Aliás, um dos aspectos que mais me agradou, foi verificar que a equipa tem vindo a ser construída de trás para a frente. Vejamos:
I - Guarda-redes
A direcção começou por fazer o inevitável, ou seja, renovar com o capitão Pedro Roma e prescindir dos serviços de Douglas, mais um flop vindo de terras de Vera Cruz. Mas um dos grandes méritos terá sido mesmo a contratação de Ricardo, por 4 anos, assegurando assim a transição na baliza para as próximas épocas, com um guarda-redes de inegável valor, realizando um excelente negócio, em termos teóricos, do ponto de vista do custo-benefício.
Uma das contratações mais discutíveis (e, para mim, perfeitamente dispensável), foi a vinda de Rui Nereu, um jovem que já se estreou na Liga dos Campeões pelo Benfica. Não me parece que venha acrescentar algo de novo, acabando por retirar do plantel Eduardo, g.r. a quem, em abono da verdade, nunca foi dada uma oportunidade na equipa principal na Académica. Talvez volte...mas certamente noutras funções, ele que decidiu rejeitar o convite para treinador de g.r.
II - Defesa
Era um sector a precisar de retoques urgentes, sob pena de Manuel Machado continuar a ver o seu "barco" meter água em jogos e em momentos absolutamente proibitivos. Neste defeso, a Briosa fica bastante mais forte e equilibrada neste sector, até porque não sofreu perdas substanciais - Lino será a excepção, ele que é mais extremo que propriamente defesa esquerdo, e que se cotou como um dos maiores desequilibradores...ofensivos da equipa, especialmente depois da lesão de Helder Barbosa. Saem Nuno Luis, Sonkaya, Medeiros, Danilo, jogadores que tiveram um rendimento sofrível ao longo da época (no caso do turco, deve-se falar em ausência de rendimento), e entram Pedro Costa, Orlando, Berger, conferindo mais e melhores soluções para o eixo defensivo. Todavia, e quando se fala na eventualidade da Briosa se reforçar para o lado esquerdo da defesa (onde tem Lira e Vinha, que renovou, para contentamento dos sócios e adeptos), parece-me que a pecha está do lado direito, uma vez que Sarmento continua com bastantes dificuldades de rotina e Pedro Costa pode não chegar. Se não vier mais ninguém, será Berger ou até Paulo Sérgio a preencher, por adaptação, o corredor direito, na ausência de outras alternativas.
III - Meio-campo
O alarme soou em Coimbra quando, logo após do final do campeonato, se percebeu que Brum, Alexandre e Dame não voltariam, e que Filipe Teixeira e Miguel Pedro se preparavam para seguir o mesmo caminho. Entendo que o grande erro da época pasada, um erro de lesa-património, terá sido o processo Dame, em que ficou perfeitamente visível a forma como ainda vão sendo tratados alguns aspectos do futebol profissional da Briosa. A saída de Brum, é em si prejudicial do ponto de vista económico, pelos montantes que a Briosa não recebeu e que ainda teve que suportar, dado que me paree que Brum não era já aquele jogador que foi há 2 anos, pelo que do ponto de vista desportivo não é significativa a sua não continuidade.
Manuel Machado conta, assim, com jogadores como Pavlovic e Paulo Sérgio para o papel de 6, de pivôt defensivo, passa a contar com uma excelente aquisição de seu nome Cris, para fazer o papel de 8, o médio de transição, cujas características escasseavam no plantel (talvez Nuno Piloto seja o médio com características mais idênticas). Depois, a permanência de Filipe Teixeira (até ver) e Miguel Pedro (terá que ser o ano da sua explosão e afirmação definitiva), aliada ao regresso de Ousmane N'Doye (dos poucos com meia distância e com capacidade para fazer esquecer..o irmão, se jogar ao nível do que lhe vimos fazer no Estoril e em Penafiel), bem como a vinda de Tiero (um dos melhores jogadores ganeses dos sub-21, que quererá demonstrar o porquê da sua vinda, pela 3a vez para Portugal), são as notícias de maior destaque e que dão a Manuel Machado a possibilidade de alternar vários esquemas tácticos com os jogadores que tem à sua disposição.
IV - Ataque
É a grande incógnita da versão Briosa, 2007/2008. Com as saídas presumíveis de Nestor, Gelson, Sílvio, com o regresso de Pitbul ao Porto e as dúvidas sobre o futuro de Joeano, a posição de ponta de lança é a que mais dúvidas levanta neste momento. Se para as alas, a Briosa parece bem servida, dentro das suas limitações financeiras, com Miguel Pedro, Lito, Licá, Hélder Barbosa e Ivanildo, jogadores rápidos, repentistas, falta claramente um matador a esta equipa. Gyano vale 5/6 golos época, Pedro Ribeiro é uma excelente promessa, mas dificilmente será primeira opção, pelo que faltam, na minha opinião, dois avançados. Um jogador móvel, com as caracteristicas de Joeano, e um 9, um avançado que tenha presença na área, com bom jogo de cabeça e que possa fazer a diferença nesse capítulo.
Arrisco a fazer esta previsão, mesmo antes da vinda desses jogadores (defesa direito, e dois avançados): a Académica tem um plantel muito mais equilibrado e fará um campeonato nos 10 primeiros da tabela classificativa. Saber se poderá ir mais além...será bastante difícil, em função dos outros plantéis e pelo facto da Académica ter lutado, nos últimos anos, sempre para não descer. Mas não é impossível. A ambição tem que ser grande, ao nível do historial e da mística deste clube, pelo que acredito numa época bem melhor do que a anterior.
Autor: Nuno Oliveira » COMENTE: |
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on sexta-feira, 29 de junho de 2007 at 16:22.