Resumo da Assembleia Geral de Sócios da Académica
quinta-feira, 12 de abril de 2007
A Académica viveu hoje mais um dia de vivência comum entre os seus associados. O momento da Instituição é delicado e o 'cartaz' da AG não era o mais apelativo. Mesmo assim os sócios compareceram em força, enchendo por completo o auditório do Estádio Cidade de Coimbra. Ficou mesmo muita gente de pé.
Os sócios mais contestatários já o tinham denunciado e os pontos de ordem assim o faziam prever... a AG pretendia ser uma 'reconciliação' entre a Direcção e os sócios e, perante os dados apresentados pelo Presidente, ser uma apoteose de José Eduardo Simões, que segundo comentaram vários sócios presentes, era já uma acção de campanha de re-candidatura do actual Presidente.
Acabou por ser uma AG bem diferente do esperado. Teve pouco de pacífica do ponto de vista ideológico e o clima pré-eleitoralista lançou o espectro da criação e identificação de várias facções e grupos com aspirações à Direcção. Pareceu-me muito saudável tal fenómeno. Aquece o coração de qualquer académico sentir tanta vida na Instituição. Acima de tudo, viu-se vontade de dar a cara, vontade de trabalhar e ser útil à associação. Vi muita determinação e pouco oportunismo.
O que se esperava ser 'um passeio de consagração' por parte da Direcção, acabou por ter um resultado bem diferente.
Uma das questões quentes, e de resto uma das principais preocupações dos sócios da briosa neste momento prende-se com a data das eleições. Questão colocada por José Eduardo Ferraz, que apoiou a sua intervenção na resposta dada por Almeida Santos à carta por si enviada. Na carta, Almeida Santos referia que não era abusiva a interpretação de Ferraz, estando até correcta. Mas, hoje, ao responder ao associado, defendeu outra interpretação dos Estatutos advogando para isso outro artigo, que não o das eleições em Abril. Sendo assim, vale o tempo de mandato de 3 anos que conta a partir da tomada de posse da actual direcção, ou seja, 11 de Janeiro de 2005. Eleições só em 2008.
No mesmo ponto, cabia agora o esclarecimento da questão do pedido de uma Assembleia Geral Extraordinária cujo primeiro signatário é João Francisco Campos. Almeida Santos justificou a sua decisão de não convocar a mesma, pois a ordem de trabalhos era inválida por se prender com questões de interpretação dos estatutos. O Presidente da Mesa da Assembleia Geral voltou a sublinhar a urgência da revisão dos estatutos.
Ainda na parte prévia à ordem de trabalhos, Ricardo Ferraz questiona a Direcção sobre o 'caso Dame'. A Direcção, na voz de António Preto, remete para o comunicado emitido na altura, não adiantando qualquer outro esclarecimento, o que inquietou alguns associados que acusaram a direcção de 'nunca responder' aos sócios e de 'fazer constantemente jogo de cintura'.
Luís Santarino faz, pela primeira vez, uso da palavra na AG e inquire sobre o carácter ordinário ou não da sessão. Baseia-se nos estatutos, recordando o artigo 59 no qual estão as datas das sessões ordinárias, e depois o artigo 60, que prevê as extraordinárias. Aí Almeida Santos acaba por confessar que foi a Direcção que lhe endereçou o pedido convocando a AG, o que faz desta extraordinária à luz do 60º artigo. O já assumido candidato prossegue avisando os sócios sobre o artigo 64, o qual contempla as autorizações para contrair empréstimos e liga-o ao ponto da ordem de trabalhos sobre a conclusão da Academia Briosa XXI.
Almeida Santos acaba por responder que a AG é ordinária e que apenas passou 11 dias do prazo por culpa própria e «impossibilidade pessoal», visto estar em Moçambique.
Passa-se para a ordem de trabalhos e José Eduardo Simões toma a palavra explicando com recurso a um suporte gráfico a grelha das contas, entretanto distribuída aos sócios.
Nessa apresentação, um dos diapositivos mencionava quase palavra a palavra uma das notícias avançadas já há algum tempo pelo Rapazes de Preto dando conta da redução em 30% do passivo dos 12.12 para os 8.54 milhões de euros. Anúncio que apesar de notável não levou a uma 'salva de palmas' nem a qualquer manifestação por parte dos presentes.
Anunciou ainda, José Eduardo Simões que a Académica já é detentora de 60% do edifício PROCAC (sede dos Arcos). Faltou apenas dizer que as obras de restauro ainda não se iniciaram, coisa que havia dito no jantar da aniversário da Claque Mancha Negra em Março.
Neste ponto, Santarino volta a pedir esclarecimentos e Lucílio Carvalheiro, ex.presidente do Conselho Fiscal de Campos Coroa também o faz, apontando para o valor da dívida real da Académica ser de 4.5M e não de 2M, como havia sido anunciado meses antes.
Santarino volta atrás à questão dos activos e questiona a política da Direcção nesse âmbito. Ao referir-se a «sucessivos erros de casting» na contratação nomeadamente de jogadores brasileiros acaba por afirmar que Káká não era uma mais-valia, provocando na sala uma gargalhada geral. Falou ainda do caso Marcelo e da 'teimosia' da Direcção em não querer chegar a acordo com o jogador, forçando-o à via judicial, a qual obrigou agora a Académica a pagar 125 mil euros ao ex.atleta.
Seguiu-se uma das principais intervenções da noite, pela voz de António Ferrão que aponta todas as coisas que na sua opinião estão mal na Instituição e acusa José Eduardo Simões de ser um fraco líder e da crise de liderança que a associação atravessa neste momento. Fala também dos activos e dos erros de casting dos jogadores. «Todos os anos há um plantel novo», concluiu Ferrão, que confrontou ainda o presidente com a falta de solidariedade institucional entre Direcção e Manuel Machado e que a excessiva rotatividade do plantel todos os anos é prejudicial. Terminou, afirmando que caso se mantenha este rumo admite candidatar-se às eleições se tiver apoios para isso à semelhança dos que tem Simões. Mas, como o Rapazes de Preto também já tinha anunciado, José Eduardo Simões está a encontrar grandes dificuldades em reunir apoios, até por parte de alguns 'notáveis' que aguardam a decisão de Zé Belo, também presente na sessão.
José Eduardo Simões prossegue para o ponto seguinte da ordem de trabalhos e apresenta, mais uma vez com recurso a um vistoso suporte gráfico a Academia Briosa XXI.
Neste ponto foi interpelado na questão do nome, visto ter sido deliberado em Assembleia Geral que o nome seria Complexo Dr.Francisco Soares e não Academia Briosa XXI.
Seguiu, no entanto, após referir a conclusão da instalação dos campos sintéticos para o edifício principal. O Edifício está adjudicado por concurso à empresa Baptista de Almeida, a qual tem como prazo útil para a concretização da obra, 8 meses.
Sobre a criação de uma Comissão Ad Hoc para ajudar no financiamento da obra, João Francisco Campos esclareceu que se ofereceu para emprestar a quantia definida por pessoa, mas não para integrar a mesma que nunca chegou a ser constituída.
Passou-se de seguida para o 3º ponto da Ordem de Trabalhos, que se prende com a renumeração dos sócios e que inquietou a sala. Este ponto sensível levou a várias propostas e intervenções, de forma a que se decidiu votar ponto a ponto a proposta final, tendo deliberado a Assembleia que a renumeração dos números dos associados será feita até Julho, passando os sócios a ter um só cartão de acesso ao Estádio mediante o pagamento de 10 euros. Serão alvo de renumeração os sócios activos e os inactivos até 2004 que regularizem as suas quotas até ao dia 20 de Maio. O principal critério para a renumeração é a antiguidade. Decidiu ainda a Assembleia que o Dr.Isabelinha e Veiga Simão partilhem o número 1, e que não haja hereditariedade ou transmissão do número de sócio mesmo que se trate de uma alta individualidade académica.
Simões informou ainda a Assembleia que a Instituição tem já mais de 20 mil sócios, sendo que cerca de 11 mil são pagantes e activos.
Concluiu-se a sessão com informações de protocolos estabelecidos com o British Council, When You Wish Upon a Star, o fracasso de passar o museu académico para o estádio e ainda de problemas mecânicos do autocarro... já com os associados a abandonar a sala.
A AG serviu para 'medir o pulso' aos associados e uma conclusão simples salta à vista. José Eduardo Simões já não conta com o mesmo apoio dos sócios que o elegeram nas últimas eleições... longe disso!
Na retina ficou a beleza da nossa Instituição e a certeza de que todos estão concentrados em apoiar a equipa neste final complicado de campeonato. Mas uma coisa é insofismável, foi uma AG cujos assuntos debatidos e a ordem de trabalhos não correspondem às reais preocupações actuais dos sócios. Foi evidente um certo desgaste da paciência da generalidade dos associados que não se contentou apenas por saber algumas boas notícias enquanto outros assuntos mais importantes ou mais graves passaram ao lado da discussão.
Pediu o leitor Miguel Almeida que se divulgasse alguns nomes presentes e algumas ausências, que agora passo a enunciar.
PRESENÇAS: António Ferrão, Luís Santarino, Ricardo Lopes, Tiago Carraça, João Paulo Fernandes, Braga da Cruz, Zé Belo, Serafim, João Francisco Campos, José Eduardo Ferraz, Luís Godinho, José Viterbo, Mário José de Castro, Lucílio Carvalheiro, Carlos Cidade,...
AUSÊNCIAS: Maló de Abreu, Álvaro Amaro, Campos Coroa, (penso também não ter visto Jaime Soares)
Etiquetas: resumo da assembleia geral de socios da académica 11 de abril 2007
Autor: Libelinha » COMENTE: |
This entry was posted
on quinta-feira, 12 de abril de 2007 at 01:45.