PSP liga neonazis a claques
sábado, 21 de abril de 2007
Escreve Carlos Varela. In Jornal de NotíciasA
PSP detectou ligações directas entre a
extrema-direita neo-nazi e as
claques de futebol, segundo um "Relatório Especial de Informações" daquela força policial a que o JN teve acesso. Aliás, a quase totalidade dos indivíduos que estão referenciados pela PSP foram agora detidos pela Polícia Judiciária e estavam ontem a ser ouvidos no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, no âmbito da operação policial que levou à detenção de cerca de 30 indivíduos.
Cerca de 20 foram libertados, mas dez dos suspeitos foram conduzidos a tribunal para serem ouvidos pelo juiz e conhecerem as medidas de coacção, após cerca de dois anos de investigação por parte da PJ, incluindo escutas telefónicas e meses de vigilâncias electrónicas que se estenderam até às imediações dos estádios de futebol, antes e depois dos encontros. As acusações são de incitamento à discriminação racial, posse ilegal de arma e ofensas corporais.
No conjunto, segundo fonte policial adiantou ao JN, oito dos detidos têm ligações à élite da
extrema-direita, a
Portugal Hammerskin, mas em simultâneo ao "
Grupo 1143", um grupo organizado de apoiantes do Sporting, mas em que a "identificação com o movimento
skinhead de pendor
nacionalista e a partilha da
ideologia nazi se sobrepõem às fidelidades desportivas, secundarizando a própria dedicação ao clube", segundo o conteúdo do relatório da
PSP.
O documento foi elaborado no dia 28 de Dezembro de 2005 pelo Departamento de Informações Policiais (Depipol), da Direcção Nacional, mas fontes policiais salientaram ao JN que "todo o conteúdo continua a reflectir as preocupações actuais" e a sua elaboração esteve a cargo do Ponto Nacional de Informações de Futebol (PNIF). Aliás, o PNIF é igualmente responsável pela elaboração de informação sobre os elementos mais perigosos das claques e suas ligações à extrema-direita, informação essa que foi passada à Direcção Central de Combate ao Banditismo (DCCB), poucas semanas antes do desencadear da operação de anteontem, que levou às dezenas de detenções.
O relatório dá, no entanto, conta da existência de
elementos de extrema-direita junto de claques de futebol do Benfica, FC Porto, Académica, Boavista, Portimonense e Amora, não as limitando, assim, ao Sporting. O relatório da Depipol salienta que "grande parte dos indivíduos que, em Portugal, se encontram referenciados por associação à extrema-direita não se identificavam com esta ideologia quando entraram para uma claque". Para a
PSP, a "
presença de skinheads ligados às ideologias de extrema-direita nas claques portuguesas passa, essencialmente, por uma forma de atingir os seus objectivos".
E as preocupações não passam apenas pela prática da violência mas também pelo "papel que indivíduos ligados ao movimento skinhead poderão exercer nos grupos organizados de adeptos de futebol". Ou seja, as autoridades não apontam as claques como um mal em si mesmo, mas pelas influências extremistas que ali podem germinar "(...) Os jovens são particularmente influenciáveis e propensos a adoptar comportamentos de risco, o que poderá incitar nos estádios de futebol a uma propaganda organizada que incite à discriminação, ao ódio ou a violência racial".
Detidos pela Judiciária são dirigentes dos Hammerskin
Se dúvidas houvesse sobre a ideologia professada pelos dez indivíduos que ontem foram presentes no TIC de Lisboa pela DCCB, os vivas a Hitler estavam lá para esclarecer. Respondiam, assim, aos incentivos e apelos à coragem e gritos de "Viva Portugal" dos amigos e apoiantes que tinham ficado à espera à porta do TIC. Os carros da DCCB entraram rapidamente na garagem do TIC, no final de uma operação que já dura há pelo menos dois anos. Nos veículos seguiam homens que são também há muito conhecidos pelo PNIF e pela Depipol, um e outro habituados a seguir os movimentos dos extremistas de direita. E nas viaturas da DCCB seguiam elementos há muito conhecidos das autoridades, inclusive por agressão a elementos da PSP, durante os encontros futebolísticos. Lá estavam
Mário Machado, o dirigente dos Hammerskin, mas também o seu número dois, um elemento das Caldas da Rainha. E igualmente um indivíduo de Peniche, suspeito do envolvimento em acções violentas que tiveram lugar naquela localidade em 2005, assim como um outro dirigente dos Hammerskin, mas este filiado igualmente no
PNR. Curiosamente, na busca à sede do PNR pela PJ estavam também preocupações com anabolizantes, mas José Pinto Coelho classificou essa ideia como um "absurdo. Não temos aqui nenhum ginásio".
Etiquetas: extrema-direita, movimento skinhead, nazi, neo-nazi, PSP
Autor: Libelinha » COMENTE: |
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on sábado, 21 de abril de 2007 at 01:58.