Começa hoje a Queima das Fitas de Coimbra 2007
quinta-feira, 3 de maio de 2007
Começa hoje a principal comemoração académica da Universidade de Coimbra, a Queima das Fitas.
Em rigor, o programa de actividade até já começou com alguns eventos desportivos e culturais, mas a sua abertura oficial é hoje com a tradicional Serenata Monumental na Sé Velha.
Não podíamos, no Rapazes de Preto deixar de assinalar este acontecimento ao qual nos associamos.
(os artigos em baixo reproduzidos são da autoria da jornalista Patrícia Cruz Almeida para o Diário As Beiras)
Serenata Monumental abraça a Academia
Na Sé Velha, os primeiros acordes da Serenata anunciam a chegada da Queima das Fitas. Recordações, alegria e saudade juntam-se, esta noite, à cor das fitas em riste.
É, talvez, um dos períodos mais marcantes na vida de um estudante. Para uns representa o “baptismo” na vida académica - é o momento em que os padrinhos tradicionalmente traçam as capas aos seus afilhados caloiros, que trajam pela primeira vez. Para outros é o dizer adeus a uma etapa da vida que não se repete. Por isso, a saudade senta-se hoje nas escadas da Sé Velha. E recordam--se os melhores anos vividos, as amizades que ficaram, as lições que se aprenderam nos bancos da universidade (e fora deles), os amores que permanecem (e os outros, que nunca se esqueceram...) É, por isso, inegável que a serenata represente a face poética da vida académica.
Integrada nas festas da Queima das Fitas, pela primeira vez, em 1949, a Serenata Monumental surge como ponto de partida para a maior festa de estudantes do país. É, ainda, o corolário máximo de uma das tradições mais particulares da vida académica coimbrã, as serenatas em si, e de uma canção única no mundo: o fado de Coimbra.
Ao “palco” da Sé Velha vão subir, a partir das 00H00, os grupos da Secção de Fado da Associação Académica de Coimbra “Lacrima” e “Despertar”.
Depois da Serenata Monumental, os estudantes vão poder divertir-se até altas horas da noite num convívio que vai decorrer no Átrio das Químicas. A festa, com entrada gratuita, vai marcar o ritmo alucinante da noite.
Um ritmo que se repete nas noites seguintes, quando os estudantes “aceleram o passo” em direcção ao Queimódromo. À semelhança do que acontece todos os anos, serão oito noites em que as olheiras não deixarão olhar para os livros, em que os estudantes serão “reis e senhores” da cidade.
Coimbra volta, assim, a encher-se de vida, de irreverência e de muita boémia. A tradição cumpre-se. Como uma lição que se aprende e que nunca se esquece. No final, como diz a balada, “fica a esperança de um dia aqui voltar”...
DIÁRIO AS BEIRAS - É presidente da Comissão Central da Queima. Alguma vez se tinha envolvido na vida associativa?
JORGE SERROTE - Sim, desde que entrei para a faculdade, em 2003. Desde essa época que me envolvi na vida académica: pertenci à direcção do Núcleo de Estudantes de Direito da Associação Académica de Coimbra, estive na Assembleia de Representantes da Faculdade de Direito e no Conselho Directivo da mesma faculdade. Também estive na Assembleia da Universidade.
Começa hoje a parte mais visível da Queima das Fitas. O que é que a comissão central organizou para depois da Serenata?
Depois da Serenata, na Sé Velha, realiza-se o tradicional convívio no átrio das Químicas. Será uma festa aberta a todas as pessoas, para que seja possível a todos os estudantes que por ali passam, divertir-se sem terem que pagar entrada. Haverá DJs e muita diversão.
A entrada é gratuita?
Sim, queremos, desta forma, que o convívio seja acessível a todos, não só para os estudantes de Coimbra, mas também para os outros que se deslocam de vários pontos do país para assistir ao início dos festejos.
Nas noites seguintes realizam-se os concertos no Queimódromo. Por onde vai ser feita a entrada no Parque?
Será feita através de uma rampa que está praticamente terminada. As pessoas não entrarão pela rampa que tem sido usada nos últimos anos. Desta vez, a entrada será feita um pouco mais à frente. Vão existir duas rampas de acesso distintas, para quem vem das pontes de Santa Clara e Pedro e Inês. As bilheteiras e as portas estarão, de forma definitiva, na parte lateral do recinto. Devido a esta mudança, a área de entrada ficará um pouco mais reduzida e o recinto da Queima das Fitas ficará diminuído em cerca de 20 por cento, comparativamente com as edições anteriores.
Quantas tendas vai ter este ano o recinto?
O parque vai ter quatro tendas de música, menos uma em relação aos anos anteriores. Uma das tendas será maior em relação às restantes. Haverá vários tipos de música nas barracas para agradar ao maior número de pessoas possível. Haverá uma área de “merchandising”, a zona de restauração e, claro, o palco. De resto, não haverá grande alterações relativamente ao ano passado.
Vamos ter também uma área mais virada para a parte social, que é a “Queima das Fitas - Prazer sem Limites” e que vai alertar para diversas temáticas como a toxicodependência, doenças sexualmente transmissíveis, o álcool, as drogas... Esta iniciativa será, aliás, complementada com os “educadores de rua”: são jovens estudantes da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra que, durante essa semana, vão alertar os jovens para os riscos dos excessos alcoólicos habituais na Queima.
Quanto vão custar os bilhetes?
A venda de bilhetes já está a decorrer desde a passada semana. O bilhete geral custa 42 euros, e dá direito à entrada nas oito noites do parque. O bilhete geral sem baile (que incluiu as noites do parque, a garraiada e o Chá Dançante) custa 50 euros. Por sua vez, o bilhete geral por com baile (noites do parque, garraiada, Chá Dançante e Baile de Gala) custa 65 euros.
Onde podem ser adquiridos?
Até hoje, estão à venda na Sala de Estudo da Associação Académica de Coimbra, das 10H30 às 22H30. Também podem ser adquiridos na Faculdade de Economia, na Alta universitária e nas cantinas do Pólo II, das 10H30 às 18H30.
E quanto vão custar os bilhetes pontuais?
O preço dos bilhetes pontuais vai variar entre os cinco e os 10 euros (para estudante). Os bilhetes estarão à venda no recinto, a partir das 14H00.
Há novidades quanto ao Chá Dançante?
Este ano vamos apresentar Marco Paulo. Penso que será um espectáculo inesquecível porque é um artista extremamente aguardado, já que há muitos anos (seguramente há uma década) que não vem a Coimbra. Por isso, muitos estudantes (e não só) esperam ansiosamente pela sua vinda. Na quarta-feira, além do artista, vão actuar dois grupos “da casa”: a Fan Farra e a Estudantina. Os bilhetes custam cinco euros para estudantes e 10 para não estudantes. Nesse mesmo dia, antes do Chá Dançante, decorre, às 17H00, o tradicional Chá das Cinco, onde são oferecidos doces e chá a todos os estudantes, fomentando o convívio, num ambiente animado e descontraído.
E quanto ao Baile de Gala?
A convidada será a cantora Inês Santos, natural de Coimbra. Será um espectáculo cheio de requinte e “glamour”. O Baile de Gala decorre no dia 5 de Maio (sábado) no quartel da Brigada Ligeira de Intervenção. Este ano, o evento vai ser subordinado às 7 Maravilhas de Portugal e dará, naturalmente, destaque ao Paço das Escolas da Universidade de Coimbra, um dos 21 monumentos finalistas que disputam a entrada na lista das 7 maravilhas nacionais.
Como é que têm decorrido as actividades culturais e desportivas integradas na Queima das Fitas?
Têm corrido muito bem. A Queima é uma festa de tradição, com várias actividades de âmbito cultural e desportivo. É essa, precisamente, grande aposta desta Comissão Central. Não foi por acaso que escolhemos, para a Queima das Fitas 2007, o lema “108 anos de praxe, cultura e desporto”. O programa cultural e desportivo é também uma forma de promover o convívio entre os estudantes e de mostrar o trabalho realizado pela secções e pelos núcleos de estudantes da Associação Académica de Coimbra.
Como vai decorrer o cortejo?
Neste momento há 87 carros inscritos da Universidade de Coimbra e de alguns institutos. No entanto, há ainda os carros de outros institutos, pelo que o número de carros vai certamente ultrapassar os 100, à semelhança do ano passado. As novidades passarão pela construção do próprios carros, visto que por questões de segurança, é proibido que a parte de cima (cobertura) contenha material inflamável. É uma forma de prevenção, de modo a evitar que ocorram incêndios. De resto, haverá muita diversão e muita festa.
A polémica em torno da escolha da produtora para as noites do parque veio prejudicar a Queima das Fitas?
Penso que não interferirá na festa. Já esclarecemos tudo o que se passou através de um comunicado, no qual clarificámos toda a situação de forma transparente.
Houve alguma irregularidade na escolha da empresa para produzir as noites do parque?
Não. Numa primeira fase escolhemos uma produtora que nos avançou a possibilidade de trazer uma banda norte-americana (Prodigy), mas não foi possível e acabámos por não assinar com essa produtora. Escolhemos então a outra empresa que nos garantiu a presença dos Bloodhound Gang para o dia 11 de Maio, mas mais tarde viríamos a ser avisados que também esta banda já não estaria presente na Queima das Fitas. Não tínhamos ainda assinado nenhum contrato com qualquer uma das empresas. Agimos de boa fé e, por isso mesmo, foi um rude golpe nas nossas expectativas. A Comissão Organizadora reservou-se, então, no direito de optar pela empresa Goodgest.
O cartaz só se altera na última noite...
O cartaz mantém-se e só se altera na sexta-feira, dia 11 de Maio. Assim, na sexta-feira, o parque vai receber os concertos de Liquido, Jorge Palma e Pedro Abrunhosa. Penso que conseguimos trazer bandas nacionais de topo e três bandas internacionais que, certamente, atrairão milhares de pessoas a esta festa.
O que leva um jovem de 22 anos a assumir uma responsabilidade desta dimensão?
Desde que entrei na universidade, desde que vim para Coimbra que me envolvi no movimento associativo e é algo que me apraz bastante fazer. Saber que posso ajudar os meus colegas, que posso trabalhar em prol deles... é isso também que me leva a não dedicar o tempo que seria necessário para os estudos. Mas neste trabalho acabo também por enriquecer a nível de relações interpessoais, de experiência, na medida em que isto é também uma escola de vida. Assumi esta responsabilidade, sobretudo, para servir a Associação Académica de Coimbra e os meus colegas.
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