Análise ao Desportivo das Aves
domingo, 18 de março de 2007
O Desportivo das Aves ocupa, presentemente, o último lugar da tabela classificativa, fruto de um campeonato no qual tem tido as dificuldades inerentes a uma equipa que acabou de subir de divisão mas que, porventura, não terá ainda estrutura para ombrear com os restantes clubes que disputam o escalão máximo do futebol português. Todavia, há que fazer aqui um alerta: o desportivo das Aves, desde Dezembro, que não é a mesma equipa frágil, abúlica, instável, da 1a metade do campeonato, assumindo-se como uma equipa capaz de discutir resultados em qualquer campo. Prova disso mesmo são os últimos resultados perante adversários teoricamente mais difíceis: nos últimos 6 jogos, o Aves perdeu 2, contra Braga e Benfica, pela margem mínima, e empatou os outros 4, contra Beira-Mar, Marítimo, Sporting e Setúbal. Marcou 2 golos e sofreu 4. De relembrar que a última vitória dos pupilos de Neca aconteceu a 03/12/2006, frente à Naval, numa vitória por 2-0.
4x4x2 ou 4x5x1?
Uma das explicações para que o Aves tenha aquele pecúlio de poucos golos sofridos e marcados, reside no próprio sistema táctico adoptado por Neca. Consciente das dificuldades da equipa e da necessidade de pontuar, Neca organiza a equipa a partir de trás, privilegiando a componente defensiva e nas transições rápidas para o ataque, sem nunca perder o equilibrio.
O Aves ficou claramente mais forte com as transferências de Dezembro. Nuno, g.r., ex-Corunha, Porto de Dinamos de Moscovo, veio finalmente dar as garantias que Rui Faria (responsável por golos inacreditáveis durante a 1a volta) nunca conseguiu dar; Moreira, ex- Boavista, Standard de Liege e Dinamo de Moscovo, entrou directamente para o 11, mas lesionou-se no jogo com o Beira-Mar e não mais voltou à competição; Jorge Ribeiro, ex-Benfica, Málaga e Dínamo de Moscovo, assumiu-se como um defesa-esquerdo mais consistente que Bruno Fernandes; Paulo Sérgio, ex-Sporting, Belenenses e E.Amadora, é garante de maior velocidade e profundidade atacante pelas faixas, tendo-se revelado determinante no último jogo fora, marcando o golo do empate frente ao Setúbal.
O que falta, então, a esta equipa? Dois aspectos essenciais. O primeiro, directamente ligado à ausência de um verdadeiro n.º 10, capaz de marcar os ritmos de jogo e organizar o futebol atacante do Aves. Jocivalter é eterna promessa adiada desde os tempos do Boavista, nunca tendo justificado o epíteto de eventual sucessor de Deco. Daí que tenha havido um esforço em trazer Ricardo Nascimento da Coreia, o que, não se tendo verificado, retira ao Aves a possibilidade de praticar um futebol mais..."perfumado" e menos musculado; depois, a não existência de um "matador", um avançado capaz de garantir 8/10 golos, que seria fundamental numa equipa que quer evitar a descida de divisão. Freddy (que já saíu), Octávio, Hernâni, Artur Futre e Xano, são jogadores versáteis, muito móveis, mas sem faro pelo golo.
Daí que Neca tenha alterado entre dois modelos que raramente passaram pelo 4x3x3, já que não possui um homem de área capaz de fazer a diferença. Alterna, por isso, entre o 4x4x2, em que, ao quarteto defensivo normalmente constituido por Nuno, na baliza, Anilton Junior, Sérgio Carvalho, Sérgio Nunes e Jorge Ribeiro, se junta uma linha de 4 elementos com Nene, Filipe Anunciação, William e Mércio, variando a dupla atacante, normalmente com Octávio e Artur Futre (ou Diego Gama e Xano) e o 4x5x1, em que Jorge Ribeiro passa a jogar no meio-campo, pela esquerda e Paulo Sérgio faz de médio direito, mantendo a zona central do meio campo muito condensada e fazendo entrar Pedro Geraldo ou Bruno Fernandes para a defesa.
Em suma, um jogo muito difícil em perspectiva, no qual a Briosa terá que vestir o "fato macaco" e trabalhar muito se quiser sair das Aves com os 3 pontos, como espero.
Autor: Nuno Oliveira » COMENTE: |
This entry was posted
on domingo, 18 de março de 2007 at 15:31.