Análise ao Sporting
sábado, 12 de maio de 2007
Amanhã a Briosa defronta o 2.º classificado da Liga Bwin, o Sporting Clube de Portugal, num momento absolutamente crucial da época para os dois clubes, pelo facto de as contas do título, da Liga dos Campeões e da permanência ainda não estarem definidas. Mas, de facto, a missão da Briosa não se afigura nada fácil.
O Sporting de Paulo de Bento é, acima de tudo, uma equipa homogénea e pragmática, com resultados fora de casa absolutamente impressionantes: bastará recordar que a turma de Alvalade ainda não perdeu fora esta época nas competições internas (a única derrota fora aconteceu em Milão com o Inter por 1-0) e desde que Paulo Bento assumiu o comando técnico da equipa principal que sofreu apenas um desaire, em Braga, por 3-2, em Janeiro de 2006. Sabendo que, por outro lado, a Briosa não vence em casa há mais de 5 meses (desde Novembro de 2006), tal ajuda a compreender melhor a difícil tarefa dos pupilos de Manuel Machado.
O 4x4x2 losango
Desde Fernando Santos que o modelo de jogo do Sporting assenta num 4x4x2, com o quarteto do meio-campo a formar um losango no apoio aos dois avançados móveis da equipa. Naturalmente que o que difere é a própria interpretação deste sistema de jogo. Com Peseiro, o Sporting adoptou sempre esta sistematização táctica, mas a compreensão do modelo de jogo era radicalmente diferente. Desde logo, com Peseiro, a turma de Alvalade não prescindia de uma posse de bola acentuada, coadjuvada de uma pressão em linhas muito subidas do campo (o que levou o futuro técnico do Panathinaikos a afirmar que a sua equipa era a que pressionava mais alto na Europa), o que acabava por expor a equipa a imensos contra-ataques. O Sporting de então era uma equipa mais espectacular, mais forte ofensivamente, mas com grandes dificuldades do ponto de vista defensivo.
Ciente destas debilidades, Paulo Bento afirmou que a sua prioridade era conferir estabilidade ao sector mais recuado da equipa. Aliás, a diferença na concepção de jogo entre ambos é particularmente evidente se recordarmos que Peseiro afirmou um dia preferir ganhar por 5-4, enquanto que Bento prefere a vitória por 1-0 por, na sua opinião, esse resultado revelar maior organização.
De facto, a questão da organização é um elemento definidor desta equipa sportinguista. O Sporting de Paulo Bento é a equipa mais forte da liga do ponto de vista da transição defensiva: os jogadores verde e brancos, quando perdem a posse de bola, são eficazes na recuperação no terreno e em assumir as suas posições, conseguindo tirar espaços ao adversário e impedindo o lançamento de contra-ataques. Esta questão explica o porquê do Sporting ser a melhor defesa da Europa, fruto dessa mesma transição e da intensidade com que tentam fazer a recuperação de bola no meio-campo ofensivo.
Com a posse de bola, o Sporting deixou de cometer os erros que sucediam com Peseiro, nomeadamente na primeira fase de construção. A defesa e o pivôt defensivo do Sporting, prescindem frequentemente de sair a jogar, para colocar directamente a bola nos avançados ou nos médios interiores, aproveitando para subir a equipa para ganhar as segundas bolas.É este jogo posicional, racional, que leva os analistas a caracterizar esta equipa como a mais italiana do campeonato nacional, por não correr riscos, por esperar muitas vezes o erros do adversário.
Este esquema de 4x4x2, para ter bons resultados do ponto de vista ofensivo, não prescinde de avançados móveis (Liedson e Djaló são os expoentes máximos) de médios trabalhadores (Veloso e Moutinho), de jogadores com capacidade de desequilibrar nas faixas (Nani e o 10 Romagnoli) e de laterais que subam bem no terreno para compensar a ausência de extremos - e aqui reside a explicação para a subida de produção ofensiva da equipa, com a entrada de Abel para o corredor direito, fazendo o mesmo que Tello fazia do lado esquerdo e que Caneira não conseguia: ganhar a linha e cruzar.
Académica - Sporting
Amanhã, a Briosa terá que ser, sobretudo, uma equipa muito concentrada do ponto de vista defensivo e fundamentalmente nos primeiros minutos, altura em que o Sporting tem sido muito forte. A chave do jogo estará, na minha opinião, na eventual capacidade em limitar o raio de acção de 3 jogadores: Veloso, na primeira fase de construção de jogo da equipa; Nani, pela imprevisibilidade deste extremos; e Liedson, artilheiro-mor do campeonato, absolutamente letal quando lhe dão espaço na zona de definição. Se o conseguir fazer, a Académica terá todas as probabilidades de alcançar um resultado positivo que sele as contas da manutenção. Com toda a tranquilidade...
Autor: Nuno Oliveira » COMENTE: |
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on sábado, 12 de maio de 2007 at 23:01.