sexta-feira, 1 de junho de 2007
Faz hoje 10 anos que a Académica de Coimbra regressou à primeira divisão depois de 9 anos negros na segunda divisão.
Num dia em que se assinala o dia da criança alertando para os direitos dos mais novos, em Coimbra a efeméride dá conta do regresso da Briosa ao lugar que merece... entre os maiores do nosso futebol.
Esta bonita página da vida da Académica tem no entanto uma tragédia associada e que torna este feito ainda mais heróico e mais emotivo.
No Sábado, véspera do jogo decisivo, enquanto trabalhava na secretaria do Pavilhão do OAF, António Coimbra, director administrativo e um dos elementos do executivo mais chegado ao presidente Campos Coroa sofreu um ataque cardíaco fulminante que resultou na sua morte em plena secretaria enquanto trabalhava, mesmo com a imediata assistência do Dr. Carlos Cruz e Guilherme Luís. Passava pouco do meio dia.
O funeral realizou-se poucas horas antes do derradeiro jogo...
Destroçado e transbordando a emoção que o invadia, Campos Coroa dirigiu-lhe as últimas palavras revelando que «foi um Homem que deu tudo à Académica e que morreu no seu posto de trabalho». António Coimbra tinha 43 anos.
O treinador da altura foi Vítor Oliveira, que depois de uma época muito sofrida consegue trazer a briosa de novo ao convívio dos grandes.
O último jogo da temporada foi frente ao Estoril Praia, jogo que os estudantes venceram por 3 - 0 e mergulhou a cidade numa festa nunca vista que foi muito para lá das quatro linhas e se estendeu a toda a cidade. O Calhabé estava cheio para testemunhar uma festa inesquecível.
A Briosa alinhou com Pedro Roma; Albertino, Jorge Silva, Mounir e Zé Nando; Rocha, Dinda, Pedro Lavoura, Rui Campos; Febras e Miguel Bruno.
Os golos foram apontados por Febras aos 47 minutos, abrindo caminho à festa, na conversão de uma grande penalidade a castigar um falta sobre Rocha na área.
O golo da tranquilidade surgiu aos 56 minutos depois de roubo de bola a meio campo por Mickey que serviu Miguel Bruno que não perdoou.
A confirmação de que o sonho era real chegou aos 80 minutos por Rocha. Um golo que premiou um líder, premiou uma época fabulosa daquele que carregou sempre os companheiros para a frente nos bons e maus momentos. Um verdadeiro leão dentro de campo.
Rui Campos - "É a maior alegria da minha vida e penso que nunca terei uma assim tão cedo"
Febras - "Penso que foi muito bom. Vamos agora saborear este momento que levamos cerca de nove meses para atingi-lo. Foi um ano de sucesso, não só para mim como para a equipa toda. Metade do meu sonho já se concretizou que era subir com a Académica. Agora falta jogar por ela na primeira"
A Académica, jogadores, dirigente e funcionários foram recebidos em apoteose nas ruas da cidade pela população que os acompanhou à Câmara Municipal onde Manuel Machado, Presidente na altura os recebeu.
Campos Coroa, Homem de emoções, Académico fervoroso não conteve as emoções. Campos Coroa foi o Presidente da Instituição no ano da subida.
É assim, de risos e de lágrimas que se faz a história desta grande Instituição que é a Associação Académica de Coimbra.
...tinha 15 anos. Nunca vou esquecer este dia e aquela manhã em que decidi fazer-me sócio da briosa. Já lá vão 10 anos. Deixo aqui este testemunho pessoal e da minha colecção pessoal para que a história nunca se apague e para recordar os mais novos, os da minha geração e também alguns mais velhos o que a Académica é de facto e a essência que a torna única, especial, diferente e faz dela o clube do meu coração.
"...e aqui fica escrito com letras de fogo que o teu lugar é ficar entre os primeiros"
-Ricardo Martins (Libelinha) -Sócio 9419
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