Derby acaba com divisão de pontos
segunda-feira, 2 de abril de 2007
Jogou-se na tarde de ontem no Calhabé o Académica - Leiria a contar para a 23ª jornada. O derby regional saldou-se num empate a 0. Ficam a faltar 7 partidas para o final do campeonato (21 pontos em disputa) e as contas continuam periclitantes para os 'estudantes'.Se um empate perante o Leiria pode ser, por alguns pontos de vista, encarado como positivo, deixa de o ser dado que o V.Setúbal venceu o jogo que o opôs ao Estrela da Amadora... precisamente o adversário que a briosa tem pela frente no próximo domingo.
A turma sadina é, a que no calendário defronta as equipas que a Académica encontra a seguir. Apesar do risco de extinção por falência e salários em atraso, o Vitória deu um importante passo rumo à manutenção, passando a somar 19 pontos, mais 4 que Beira-Mar (que defronta esta noite o Sporting) e menos dois que os 'estudantes' que, com o empate de ontem passam a somar 21.
O jogo foi precedido de um momento de emoção, com um minuto de silêncio a homenagear o avançado Ernesto, que nos deixou na tarde de sábado. Ernesto, contagiava a equipa com a sua invulgar entrega ao jogo. Não sendo um prodígio tecnicamente era muito rápido e fazia golos em poucas oportunidades. Esta eficácia foi-lhe reconhecida com uma convocatória à Selecção Nacional. Um exemplo de carácter, de determinação, de humildade e de espírito de sacrifício dentro de campo. Esperemos que este legado permaneça vivo e fique como exemplo para os mais novos. A Académica faz-se disto. De Homens excepcionais com valores excepcionais ...e dentro de campo vale o conjunto.
A Académica alinhou com um sistema 'confortável' e usual em Manuel Machado. No entanto foi forçado a trocar algumas 'pedras'. Paulo Sérgio regressou ao meio-campo, substituindo o castigado Alexandre. No lado direito, Machado tirou da cartola uma solução que tem sido há muito sugerida por vários críticos: Sarmento! E que bem se deu.
O Leiria tentava assumir o controlo do jogo. Ivanildo desde cedo se começou a evidenciar e a tomar conta da zona central perante uma estranha apatia inicial de Brum e Paulo Sérgio. Harison, apesar da notória preponderância que assume na manobra e sistema da equipa pareceu psicologicamente 'perturbado'. Acumulou erros atrás de erros, quer a defender quer a atacar. Conseguiu a proeza fantástica de sair do relvado sem ter sido por acção disciplinar do árbitro da partida. Inqualificável o seu comportamento...
A Académica acaba por assumir o controlo do jogo sob a batuta de Filipe Teixeira. Os 'estudantes' só não conquistaram a vitória pois o capítulo da finalização teve um final infeliz, numa tarde onde o futebol praticado foi muito agradável, e as jogadas de ataque tiveram desenhos de uma arquitectura clássica bem à imagem da briosa de outras décadas.
Muita alma, muita disputa de bola, muita entrega, bons lances de parte a parte. Faltaram os golos.
A PAUTA:
PEDRO ROMA: (14) - Chamado a intervir poucas vezes, mas quando o fez foi sempre com aquela classe e aquela segurança... Mais uma tarde SIM! do jovem que completa 37 anos no próximo dia 13 de Agosto. Felipão, dê lá um prémio ao homem!...
SARMENTO: (14) - Finalmente!!! A sua velocidade, já o sabíamos, não faz dele um extremo desequilibrador, mas a defender esteve impecável. Sabe tratar a bola, fez boas trocas no carrocel exigente de compensações posicionais de Manuel Machado. Dinamizou o flanco e ainda ofereceu apoio e segurança a Pitbull. Boa dupla! Já tinha sido 'pedido' por vários críticos esta solução para a direita...e é solução de peso a julgar pela amostra.
KÁKÁ: (12) - Foi o melhor do sector até à expulsão ainda na primeira parte. Vítima de um excesso de rigor por parte do árbitro que noutras situações não manteve o critério. A falta 'profissional' a que foi obrigado a recorrer para travar o opositor era apenas merecedora de amarelo, pois Litos estava em posição para dobrar o companheiro.
LITOS: (11) - Grande atitude! É inspirador, certamente, para os companheiros a atitude com que encara a partida. Alguns erros de marcação que podiam ter custado caro. No ataque pediu sempre a bola ao segundo poste nos cantos, a bola foi sempre para lá e de todas as vezes falhou incrivelmente a finalização.
LINO: (14) - Hoje calou todos aqueles que o 'acusam' de ser mau a defender (onde me incluo). O brasileiro esteve sempre muito concentrado nas marcações e a compensar tacticamente um ou outro desposicionamento pontual de um companheiro. Estranhamente atacou menos bem e perdeu algumas bolas no um-contra-um. No sistema de hoje, e em casa, esteve bem, mas a jogar fora parece-me render mais tendo Vitor Vinha nas costas.
PAULO SÉRGIO: (15) - O melhor em campo. Não tem a eficácia defensiva de Alexandre, mas a sua presença física e capacidade de sair a jogar foi muito bem aproveitada e explorada. Após a expulsão de Káká jogou a central até à entrada de Medeiros. Equilibrou as contas a defender e desequilibrou a ajudar o ataque. Pode e deve acompanhar Brum e Alexandre caso Manuel Machado entenda que se justifique o sistema de 3 trincos. Para a direita hoje ganhamos o Sarmento e Nuno Luís já está na fase final da re-integração total sendo também opção.
ROBERTO BRUM: (14) - Onde está é Senhor! O Sandokan começou algo adormecido mas assim que acordou mostrou logo todos os seus atributos. Recuperou muitas bolas que segurou com uma classe notável, sempre com aquele seu jeito característico de quem toureia o adversário. Se tivesse pé esquerdo...
FILIPE TEIXEIRA: (14) - Não foi tão incisivo como de costume nem procurou penetrações com a frequência que nos tem habituado. O Seu papel foi de grande eficiência. Organizou o ataque e tornou fluídas as jogadas dos 'estudantes'. Cerebral, nuclear, essencial...
DAME: (12) - Jogo menos conseguido do senegalês. Faltou-lhe por vezes lembrar-se de uma regra essencial no futebol: jogar com a bola no chão. Exagerou nos lances individuais. Algo castigado com faltas dos adversários. Não é preciso voltar a falar do Harison pois não? Saiu num misto de aplausos e assobios...
PITBULL: (14) - Lento a arrancar, mas assim que ganha velocidade, domina... Esteve imparável nos duelos individuais. Faltou mais força nos poucos remates que fez para fazer golo. Esteve muito mais lúcido e concentrado que no jogo anterior na Vila das Aves. Desequilibrou e foi uma referencia constante no ataque. Saiu esgotado.
JOEANO: (9) - Não teve bola. Pressionou pouco. Faltou o apoio conjunto de Dame e Filipe Teixeira. Prefere jogar na posição móvel do ataque e desta vez teve de jogar na fixa.
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MEDEIROS: (12) - Quase nem dei por ele. Cortou dois cruzamentos perigosos. Certinho.
SÍLVIO: (9) - Na primeira vez que teve a bola nos pés criou um lance de magia...pena o remate ter ficado nas pernas de um contrário. Mas deixou-me desiludido. Esperava muito, mas muito mais entrega e agressividade por parte de um jovem a quem é dada a primeira oportunidade. Macio a pressionar... correu pouco. Não conseguiu nunca chegar ao ritmo em que o jogo estava. Tem de encarar o jogo com uma atitude mental e competitiva muito mais forte. O exemplo que dei do Ernesto é para os jogadores dos escalões de formação, mas o Sílvio também precisa dessa atitude. Já vimos que sabe jogar... agora só falta mostrar que é um 'animal de competição' ...um 'rapaz de preto' com brio. Acredito muito em ti!
MIGUEL PEDRO (-) - Entrou numa fase em que a Académica atacava com o coração. Não teve tempo para deixar a sua marca no jogo. Machado demorou a perceber a quebra de Pitbull para o render.
A Académica, apesar de ver agora mais próximo o Setúbal, continua em boa posição para se manter tranquila até ao fim. A linha de água está a 6 pontos (Beira-Mar tem menos um jogo) e o próximo jogo é contra o Estrela, que em caso de vitória dos de 'preto' deverá cimentar em definitivo as contas da manutenção.
