Machado de guerra ou assim assim?
segunda-feira, 2 de abril de 2007
Deixei para hoje a analise do trabalho de Manuel Machado, que normalmente é feita no post da crónica do jogo.
Numa primeira abordagem, e olhando para a forma como a equipa foi escalonada podemos dizer que era um 11 preparado para atacar, para assumir o jogo e para vencer o jogo.
Joeano, Pitbull, Filipe Teixeira e Dame formaram um quarteto que ilustra bem a disposição da equipa em procurar os 3 pontos e mandar no jogo na sua própria casa.
A ausência de 'peso' de Alexandre por castigo, obrigou a mexidas no meio-campo defensivo. Um sector nuclear e vital nos sistemas tácticos de Machado. Pode não jogar um futebol-espectáculo, mas certamente empolga todos aqueles que apreciam o rigor táctico. Nisso, Manuel Machado é exigente. Os sistemas que utiliza são de uma complexidade táctica assinalável com os jogadores a terem de se desdobrar em compensações e re-posicionamentos em função de determinados movimentos colectivos da equipa. São sistemas que exigem elevadíssimos níveis de concentração por parte dos jogadores e uma grande dose de cultura táctica e capacidade de interpretação.
Para os sistemas de Machado terem resultados práticos concretos, é necessário haver um controlo real do meio-campo e garantir que a equipa tenha o máximo possível de posse de bola. Sem Alexandre (por castigo) nem Pavlovic (por lesão), Machado precisava de garantir capacidade física no sector, fazendo Paulo Sérgio voltar à sua posição de origem.
Teoricamente resolvido o problema do meio-campo, cabia agora ao técnico 'tirar da cartola' uma solução para a ala direita. Tendo disponíveis Nuno Piloto e Nuno Luís, a escolha recaiu em Sarmento, e deu-se bem. Era uma alternativa várias vezes defendida por alguns comentadores e teve evidentes resultados práticos. Sarmento e Pitbull foram sempre uma dupla de grande dinamismo com o flanco a ser o dínamo da equipa.
Na lateral contrária, poderia esperar-se uma solução mais defensiva, mas foi Lino o homem a quem foi confiado todo o flanco. Resultado: Defendeu melhor do que é costume, mas também não foi o desequilibrador que conhecemos ao atacar. Mesmo assim, boa aposta do técnico. Já em jogos fora, continua a parecer-nos que Lino é altamente favorecido pela presença de um homem nas costas, protegendo as suas subidas.
O desenrolar do jogo foi, no entanto, mostrando algumas falhas no sistema. O meio-campo estava a pressionar pouco e a dar muito espaço a Ivanildo, que dominou o sector durante grande parte do jogo.
Talvez por mau julgamento do técnico estreante dos leirienses, a retirada do jogo de Ivanildo foi praticamente suicida. Era precisamente aí que os forasteiros criavam maior perigo. Preferiu lançar N'Gal e Alhandra para explorar qualquer debilidade de Sarmento e Lino...deu-se mal.
Quem também se deu mal foi Dame e Filipe Teixeira com Harison que distribuiu mais fruta que o mercado abastecedor de Taveiro e nem um amarelo viu. Inacreditável!!!
Machado, preocupou-se, a meu ver em demasia, com o equilíbrio da defesa onde tinha vantagem numérica e não procurou explorar a saída de Ivanildo para então sim ter o controlo das operações a meio-campo.
A saída de Joeano provocou a ira dos adeptos. De repente aquele sentimento que os adeptos da Académica tinham com as equipas escolhidas por Artur Jorge, sem avançados, em que os adeptos viam a equipa entrar com a sensação que o 0-0 era o melhor resultado possível voltou às bancadas por momentos...
Tardou a entrada de Sílvio e Miguel Pedro. Quando isso aconteceu perto do final, a Académica tinha posse de bola mas faltaram movimentos de ruptura, e abrir linhas de passe... as substituições foram feitas muito tarde. Já sem tempo de se vencer um jogo em que apesar de tudo jogamos com 10.
Por tudo isto, considero que Manuel Machado preparou bem a partida e soube escolher um 11 e um sistema adequado e ofensivo para obter a vitória. Mas pareceu-me que avaliou mal as circunstancias durante o desenrolar do jogo e poderia ter feito mais para chegar à vitória.
